sábado, 16 de julho de 2011

Uma carta de reflexão sobre a vida - Gabriel Garcia Márques

Escolhi compartilhar com vocês esta carta que Gabriel Garcia Márquez escreveu antes de sua morte, nos deixando belas palavras de reflexão sobre o quanto faria a mais, ou diferente se assim pudesse.
Esta mensagem vem nos estimular a vivermos o Aqui e o Agora da forma o mais plena possível, sendo verdadeiro para com os nossos setimentos e emoções, aproveitando cada oportunidade, cada dia que renasce com suas infintas possibilidades, para realizarmos com amor, ética, os nossos projetos de vida.







“ Se por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marioneta de trapo e me oferecesse mais um pouco de vida, não diria tudo o que penso mas pensaria tudo o que digo.

Daria valor às coisas, não pelo que valem,
mas pelo que significam.
Dormiria pouco, sonharia mais,
porque entendo que por cada minuto que fechamos os olhos perdemos sessenta segundos de luz.
Andaria quando os outros param,
acordaria quando os outros dormem.
Ouviria quando os outros falam e
como desfrutaria um bom gelado de chocolate !

Se Deus me oferecesse um pouco de vida,
vestir-me-ia de forma simples, deixando a descoberto não apenas o meu corpo, mas também a minha alma


Meu Deus,
se eu tivesse um coração,
escreveria o meu ódio sobre o gelo
e esperava que nascesse o sol.

Pintaria com um sonho de Van Gogh
sobre as estrelas de um poema de Benedetti
e uma canção de Serrat seria a serenata
que eu ofereceria à Lua!

Regaria as rosas com as minhas lágrimas
para sentir a dor dos seus espinhos
e o beijo encarnado das suas pétalas...

Meu Deus, se eu tivesse um pouco de vida...
não deixaria passar um só instante sem dizer
às pessoas de quem gosto que gosto delas.

Convenceria cada mulher
ou homem que é o meu favorito e
viveria apaixonado pelo amor..

Aos homens
provar-lhes-ia como estão equivocados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saberem que envelhecem quando deixam de se apaixonar!

A uma criança,
dar-lhe-ia asas,
mas teria de aprender
a voar sozinha.

Aos velhos
ensinar-lhes-ia
que a morte não chega com a velhice,
mas com o esquecimento.

Aprendi que um homem só tem direito a olhar outro de cima para baixo quando vai ajudá-lo a levantar-se...

Tantas foram as coisas que aprendi com vocês, os homens !
Aprendi que todo mundo quer viver em cima da montanha,
sem saber que a verdadeira felicidade
está em subir a encosta...

Aprendi que, quando um recém-nascido aperta,
com a sua pequena mão, pela primeira vez,
o dedo de seu pai,o tem agarrado para sempre.

São tantas as coisas que pude aprender com vocês,
mas não me irão servir realmente de muito,
porque, quando me guardarem dentro dessa maleta, infelizmente estarei a morrer...”

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